quinta-feira, 21 de junho de 2012

Capítulo Um

Nos próximos três dias depois que ouvi a conversa , fiquei esperando que você viesse e terminasse a nossa amizade , bom algo que nunca aconteceu.
No terceiro e último dia , eu não estava mais aguentando a angústia e resolvi fazer os atos por minhas mãos.
Fui até sua casa e quando você chegou , eu fiquei sem palavras.
Não podia fazer isso, eu não tinha coragem e nem queria que a nossa amizade acabasse.
Você percebeu meu silêncio e disse :
- O que foi ? -
- Acho que a sua mãe não gosta da nossa amizade .-
- Por que você acha isso ? -
- Ouvi nossas mães conversando de novo, três dias atrás , sua mãe disse que estava preocupada com a nossa amizade , mamãe não respondeu e logo depois a sua mãe foi embora. -
- Eu não acho que ela não goste da nossa amizade , acho que ela só está com medo.-
- Medo de quê ?-
- Medo de quando a minha família se mudar de novo, eu acho. -
- Ah.-
Até então eu não lembrava que você só ia ficar por aqui por um ano. Foi um completo choque .
Senti a alegria indo embora aos poucos, realmente mamãe estava certa , nada dura para sempre.
Tenho sérias impressões que você percebeu minha cara , mas durante um tempo tudo o que você fez foi segurar minha mão. Eu olhei para você .
- Tinha me esquecido disso. -
- Eu também, mas talvez meu pai fique mais que um ano, quem sabe?-
- É , talvez. -
- Amanda ?-
- Oi. -
- Eu nunca tive uma amiga como você. -
- Nem eu Dudu, nem eu. -
Você não soltou minha mão.
- Mamãe está me enchendo com essa bobagem de aniversário . Ela quer dar uma festa .-
- Você não quer uma festa ? -
- Na verdade , não. Ela quer chamar todos os alunos da classe, e bom, você sabe.-
- É eu sei, ela ainda não entendeu né ?-
- Acho que ela entendeu, acho que é mais por aparências. -
- Ah sim. Dudu , o que você vai fazer ? -
- Eu não sei ainda.-
Outro momento de silêncio pairou sobre nós. Você ainda não tinha soltado a minha mão.
A menina ruiva quebra o silêncio com uma palavra mágica seguida por uma interrogação :
- Sorvete ? -
O menino de olhos verdes responde :
- Sempre.-

                                                                  Página Dez

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Capítulo Um

Então já havia seis meses em que eramos melhores amigos.
A temporada de outono havia começado e com ela a temporada da mais nova modalidade esportiva da nossa escola : Baiseball.
Todo ano nossa escola escolhia duas modalidades esportivas estrangeiras . Esse ano os escolhidos foram Baiseball e Dança dos anos 50/60 .
Eu de vestido de bolinhas e você de calças brancas e coladas.
Bom você estava mudando, sua voz estava começando a vacilar, e afinar de vez em quando.
E aos poucos eu fui vendo você passar a se comportar diferente , com algumas poucas mudanças.
Você deve ter crescido uns dois , ou três centímetros até aqui.
Eu nunca vou saber ao certo o que acontece com os meninos nessa época . Desse dia faltavam um mês e meio para o seu aniversário.
Sua mãe disse para minha , que agora você estava entrando em fase de crescimento por isso estava comendo mais que o dobro do que comia antes e isso a deixava bastante orgulhosa.
Eu pensei na mesma hora nas propagandas de Biotômico Fontoura, será que você estava tomando ? Minha mãe me dava, dizia que era por isso que eu era um pouco mais alta do que o resto para a minha idade.
No começo eu até era mais alta que você.
Você era um menino pequeno, então era bom que você estivesse finalmente se esticando um pouco.
Mas fui forçada a sair dos meus pensamentos e voltar a escutar a conversa entre as duas, sua mãe estava "preocupada" com a nossa amizade, e minha mãe não pode dizer nada, você tinha sido meu único amigo. Nesse dia eu não consegui dormir direito, fiquei com medo de que nossas mães cortassem a nossa amizade, elas não podiam fazer isso,nós passávamos quase todo o tempo livre juntos, eu já tinha escrito o seu nome mil vezes no meu caderno , mesmo não sabendo o porquê, mesmo você estando na fileira ao lado, eu simplismente não podia me separar de você. Isso era tão injusto.

                                                            Página nove

terça-feira, 19 de junho de 2012

Capítulo Um

O tempo foi passando e o verão acabando e você e Renato ficaram realmente muito próximos.
Renato começou a ir contra eu brincar as brincadeiras de menino com vocês, por que eu era menina.
No começo nós achávamos que ia ficar tudo bem, que ele ia entender que não importava eu brincar também, mas não foi assim que aconteceu.
Bom , Renato havia sido expulso da outra escola e nós só descobrimos o por quê quando o verão acabou e as aulas voltaram. Renato era mimado, não mimado de amor e carinho como quase toda criança mimada é, ele era super mimado. Tinha tudo o que queria e quando as coisas não davam certo os pais dele faziam de tudo para dar certo. Ele era valentão. Além das meninas patriçocas e dos meninos rabugentos, nós não tínhamos valentões por aqui . Briga era uma coisa rara e bullying quase não existia.
Está certo que para essa regra do bullying eu era exessão , mas elas nunca realmente me fizeram mal, a coisa mais dolorida que alguém já fez comigo foi Lalá que puxava meu cabelo, e bom ela é de outro Estado.
Quando Renato chegou na escola, todos queriam saber quem era o novato, o que ele fazia, por que ele foi expulso , enfim.. Logo ele já era sensação, e foi nesse momento que ele percebeu que eu era o zero a esquerda , e que Dudu estava se afundando junto comigo, só por estar comigo.
A hierarquia estava montada : Renato, Marcelinho e Juca eram os novos valentões; Suzana, Maria , Camila e Alicia , as patricinhas. Entramos no fundamental e foi na segunda semana de aula, em uma quarta-feira, que aconteceu.
Eu estava me arrumando para o Ballet na escola, quando elas chegaram para me perturbar , só que dessa vez foi diferente, elas estavam muito más.. Me assustaram, então saí correndo. Quando saí do vestiário para abrir a porta ,um balde com alguma coisa fedorenta , verde e gosmenta caiu em mim. Eu levei um susto tão grande que não escutei as risadas, mas quando consegui mover meus braços para tirar meu óculos e limpar o excesso de gosma na minha cara , as risadas aumentaram e aumentaram e quando percebi , toda a escola estava lá, rindo de mim. Mas você não.
Eu comecei a chorar ,e fiquei parada , uma estátua de ballet cobrida por gosma.
Você veio , pegou minha mão , e me levou pra o diretor.
Quando você pegou minha mão , Renato gritou :
- Eca Dudu que nojo, você ta pegando na menina de gosma verde! Deixa ela ai Dudu , ela não vale nada.-
- É claro que vale seu bobão, você brincou com ela o verão todo, sabe como ela é legal! -
- Isso foi antes de eu saber que ela é uma alien Dudu, e se você ficar com ela , vai ser um alien também!-
Você passou a mão na minha barriga tirando um monte de gosma , andou até o Renato e disse :
- Bom , então sou um alien , um alien que nunca mais vau falar com você .-
Levantou a mão e passou na testa dele. Ele retribuiu com um soco na cara , e foi nesse exato momento que a professora de ballet e o professor de educação física chegaram para saber do paradeiro dos alunos.
Quando estávamos indo para a sala do diretor você pegou minha mão, olhou para mim e disse :
- Não chora , aliens não choram . -
E no mesmo momento eu parei de chorar e o choro se transformou numa risada , eu disse :
- Não, aliens não choram .-
Você parou , olhou pra mim e disse :
- Eu nunca vou deixar de ser seu amigo, nunquinha da silva . -
Eu abaixei a cabeça, devo ter ficado uma pimenta de vermelha, não disse nada , mas sorri de ponta a ponta.
E assim felizes chegamos e saímos da sala do diretor , mesmo com uma suspensão na mão.

                                                              Página Oito

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Capítulo Um




        Eu achei essa foto que sua mãe tirou um pouco antes de vocês irem para a super festa da Suzana , eu acho que não foi tão super assim dessa vez , né ? 

                                                                     Página sete

Capítulo Um

Eu acho que nunca havia reparado fisicamente em você como reparei naquele dia.
Seus olhos verdes realmente me captaram . Verde já era minha cor preferida ,agora era mais que isso.
Sua pele clara , seu rosto tinha muita bochecha para um rosto tão magro, seu nariz achatadinho, deus dentões, sua boca fina , seu cabelo castanho desgrenhado e um pouco liso , e seus olhos verdes.
Eduardo olhos verdes. Eu te chamava assim em segredo, depois desse dia.
Você tem esse sorriso ridículo que eu odeio . Na época ele me conquistou, e eu nem sabia.
Estávamos brincando quando ouvimos um caminhão barulhento passar e parar no final da rua.
Todo mundo ouviu , a última casa havia sido comprada.
Descobrimos então uma nova família e uma nova criança, outro menino , com a cara emburrada e o queixo quadrado.
Mais tarde descobri sozinha que a nova família veio por que o tal menino foi expulso da outra escola por brigas, também descobri que seu nome era Renato.
No começo gostei de Renato, foi meu segundo amigo. E foi seu amigo também ..
Brincávamos nós três e era tudo bem. Bom não era sempre nós três, na maioria das vezes você passava a maior parte do tempo comigo.
Isso era ótimo , nós tínhamos nossos códigos secretos , nossa casa na árvore e o outro esconderijo secreto.
Nossos pais nunca souberam aonde era . Foram muitos bandidos a serem perseguidos , fantasmas a serem descobertos , muitos , muitos chás e pique-niques a serem engolidos , muitas bilocas perdidas e poucos sorvetes tomados.
O verão estava a todo vapor , e como todo verão sempre existe a famosa festa de aniversário de Suzana.
Eu odiava Suzana. Ela foi a primeira a aderir os ataques de Lalá pois também me odiava.
Nunca entendi o motivo do desprezo dela por mim, mas por causa dele eu criei um certo desprezo por ela.
Suzana era branca , e tinha cabelos pretos e lisos. Um sorriso perfeito e um coração do demônio.
E ela era rica. Isso mudava bastante as coisas.
Ela ia fazer onze anos , antes de Dudu ela era a mais velha da classe.
Você e até mesmo Renato com quem ela havia falado um simples oi, na semana passada haviam sido convidados para a festa. Bom , eu não.
Sua mãe te obrigou a ir a festa com Renato , por que você precisava fazer novas amizades .
Ao menos foi o que você disse , e eu acreditei.
Quando você me contou que chegou lá e viu o tamanho da festa, eu ri.
Ela tinha fama de dar as melhores festas . Você disse que ela era chata . Você tinha razão.
O que eu mais ri na história inteira foi quando você me contou , que ela havia puxado seu braço pra se sentar na mesa junto com o resto da turminha dela, e ela disse :
- Gente esse é meu amigo Dudu.-
E todos disseram oi para você, você ficou olhando feio pra Suzana que não perdendo a vez disse :
- Essa não é a melhor festa de aniversário que você já foi Dudu ? -
- Não . A melhor festa de aniversário que eu fui foi a da Amanda , Suzana , me desculpe. -
Você disse que ela ficou com cara de surpresa e depois ficou chateada e perguntou :
- O que teve de melhor na festa dela que aqui não teve ? -
- A festa da Amanda foi no Parque de diversões , estávamos só eu ela , a prima chata Lalá , o Gui , minha mãe e a Senhora Santos. Suzana , a festa da Amanda estava melhor que a sua por que ela estava lá, comigo. -
E eu nunca soube o que aconteceu depois , eu parei de ouvir depois disso. Acredito que esse deva ter sido o momento que eu percebi que estava me apaixonando por você.

                                                                           Página seis.

Capítulo Um

Quando você chegou na segunda-feira percebeu minha tristeza, sem hesitar perguntou :
- O que foi ?-
Minha família eram as únicas pessoas que sabiam da existência de Barney , e quando digo minha família , falo apenas de Papai , Mamãe e Gui.
Permaneci em silêncio por um minuto, tentando descobrir se deveria contar sobre Barney para você , ou não.
A resposta foi sim.
- Vem comigo. -
Levei você até o local aonde enterrei a caixa de Barney e lá sentamos enquanto eu explicava toda a história para você. Você não disse uma palavra sequer enquanto eu contava tudo, ficou me olhando com aqueles olhos grandes e verdes . Quando eu acabei você ainda continuou em silêncio , tudo o que fez foi me dar o meu primeiro abraço. Bom já tinha recebido abraços antes , mas foram de família.. nunca de amigos.
Eu sorri sem perceber . E você resolveu falar.
- O máximo que você pode fazer é nunca se esquecer realmente dele.-
- Como assim realmente ? -
- Bom, você não precisa ficar lembrando dele o tempo todo da sua vida ,mas as vezes ,poucas vezes .. você se lembra de tudo ,sem nenhum detalhe esquecido,mas tem que ser poucas vezes, por que quem vive de memórias é museu, e museus são tristes, não são ?-
- Quem te disse isso Dudu ? -
- Minha mãe, no dia que meu avô morreu. Nós eramos muito próximos.-
- Ah!... Sua avó está bem ? -
- Ela está doente, mas feliz, disse para mim que não falta muito para ela ver meu avô de novo.-
- Você acredita nisso ?-
- Não sei ainda, mas ela acredita.-
- Se eu morrer antes de você, você ficaria feliz em poder me encontrar lá no céu ?-
- Se eu pudesse, ficaria muito feliz Amanda. Ah é , quase me esqueço! Trouxe um presente para você.-
Ele tirou da mochila, que eu não havia notado a presença, até agora, uma bola de vidro com um menino e uma menina de mãos dadas, um com uma pulseira azul e ela com uma verde. Quando você sacode o globo, as purpurinas que estavam no final sobem e caem lentamente sobre os dois, fazendo assim uma chuva de glitter.
- Ual , é lindo. Onde conseguiu isso ?-
- Meu tio Valter viajou para os Estados Unidos e gostou muito dessas bolinhas. Ai ele entrou numa oficina aonde ensinam a fazer. Ele abriu uma loja de lembranças na cidade da vovó, e eu pedi para fazer essa pra eu poder te dar. Você gostou ?-
- Sim, mais do que isso. -
E com a felicidade retomada, um conselho para ser seguido, e um presente inesquecível, duas crianças foram brincar no jardim. Pensando bem até que eu não era ruim no Futebol.

                                                                 Página cinco.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Capítulo Um

01 Fevereiro, ano de 2000

Acho que em fevereiro fez quatro meses em que você estava na cidade . 
Dia primeiro de fevereiro do ano de dois mil, o dia em que eu parei de tomar sorvete todos os dias.
Bom , você fez uma diferença enorme todos os dias em minha vida, desde que apareceu nela, agora eu tinha com quem brincar, conversar, correr, e tudo o que uma criança pode ter direito.
Brincar com seu irmão mais velho ,e quando eu digo brincar , quero dizer receber cascudos e dinheiro pra fingir que ele cuidava ou brincava comigo enquanto saia para andar de skate e fazer as coisas que os adolescentes faziam, era tudo muito chato. Não é comum crianças de dez anos possuírem amigos imaginários , bom eu tinha.
Esse dia foi muito marcante para mim , apesar de só perceber isso agora. Superar a morte da minha avó, e chorei de luto por Barney . 
Sim , o nome dela era Barney , mas ele não era um dinossauro roxo com manchas verdes.
Mas foi desse show que o nome surgiu , e eu também tinha o boneco do Barney.
Barney era um fantasma camarada, foi assim que eu o imaginei. Ele também era ruivo , e também usava óculos redondinho. Ele era eu , numa versão masculina , um alienígena para me fazer par.
Ele foi o meu primeiro melhor amigo, enxugou minhas lágrimas , me contou histórias para dormir , e brincou comigo.. Mas o que acontece com um amigo , quando você não precisa mais dele ?
Ele desaparece. Nesse dia eu não me dei conta que Barney havia desaparecido. Eu ainda não estava preparada, mas a mente prega peças em você .
Você e eu brincamos o dia todo, era uma segunda , mas nós estávamos de férias. 
Quando chegou o final da tarde , mais ou menos as cinco horas, eu havia aprendido com a televisão que as cinco era pontualmente a hora do chá inglês, e como nenhuma criança gosta de chá, essa foi a hora que eu escolhi para tomar sorvete todos os dias, depois da morte da vovó.
Só que pela primeira vez , eu esqueci , e você também . Minha mãe lembrou pois já estava acostumada ,mas quando veio me chamar na casa do Dudu, percebeu que a dor havia sumido , e deixou de lado.
Você tomou quatro meses de sorvetes caseiros de variados sabores comigo, todo santo dia. 
Não nesse. A noite quando fui me deitar , não percebi que não havia lembrado nem de vovó , nem de sorvete e nem do Barney . Dormi sem pesos na consciência. 
Passou uma semana e eu não havia percebido , até o dia em que você e seus pais , foram passar o final de semana com a avó de Dudu e eu estava sozinha.
Quando chegou as cinco horas eu percebi que havia esquecido do sorvete , da vovó e de Barney , comecei a chorar . Mamãe me pegou no colo e percebendo meu desespero , não disse nada , só me fez carinho.
Depois de um tempo ela disse :
- Não tem nada de errado nisso, já estava na hora de você aprender que nem tudo dura pra sempre , e que sorvete nem sempre melhora tudo, a vida se melhora por seus atos próprios querida , não se esforce muito, deixe acontecer. -
- Quando você diz atos próprios que dizer o que eu faço mamãe ? - 
- Sim , suas escolhas ..-
- Sorvete não melhora tudo mãe ? -
- Não querida, não melhora ..-
- E nada realmente dura para sempre ? -
- Infelizmente não .-
Ela ficou séria e triste , bom eu também..
Passei o final de semana procurando por Barney e ele não apareceu nem por um segundinho se quer.
Quando finalmente deixei a teimosia de lado , não pude deixar a lembrança e nem o sentimento que criei por Barney ser esquecido, organizei então algumas coisas , lembranças apalpáveis que eu e Barney "fizemos juntos" coloquei em uma caixa branca de sapatos , com uma caneta preta e grossa escrevi Barney , e colei uma estrela dourada em cima de seu nome. Coloquei a caixa de sapatos na parte alta do guarda-roupas e deixei minha mente infantil esquecer temporariamente Barney , O meu primeiro melhor amigo.

                                                                    Página quatro

Capítulo Um

Todos os meus dias naquele ano se tornaram o melhor dia de todos, até os que nós dois brigávamos .
Eu me lembro , do dia no no parque , em que eu, você , meu irmão mais velho Gui , minha prima Lalá ,minhã mãe , e sua mãe , fomos ao parque.
Lalá , cujo o nome é Laís , também tinha onze anos ,era o dia do meu aniversário , dia treze de Janeiro do ano de  Dois mil . Eu estava fazendo uma decáda. Me lembro  na escola , quando a professora de matemática explicou que uma decáda eram dez anos , e disse que em Janeiro eu teria uma decáda de vida. Senti como se eu tivesse cem anos ,a palavra decáda parecia muito velha , você olhou para mim e riu da minha expressão confusa sobre a palavra decáda.
Eu Tinha um decáda. Você e Lalá tinham uma decáda e um ano. Meu irmão Gui tinha uma decáda e meia.
Eu não sabia quantas décadas nossas mães tinham , presumo que ainda não eram três.
Meu pai tinha três décadas exatas no dia em que eu fiz a minha primeira década, ele não estava lá, por quê tinha viajado a trabalho. Ele disse que meu presente chegaria no dia, mas não chegou.
Lalá era loira, já havia menstruado e por isso ganhou o apelido de mocinha, mas de mocinha ela não tinha nada. Ela morava em outro estado e alguns Janeiros ela vinha para cá, ela era má.
Fez amizade com todas as meninas que eu nunca consegui ter amizade em menos de dois segundos e ensinou aquelas meninas como me ignorar.
Na frente de todos era ela um anjo.  Conquistou Dudu da mesma forma com que conquistava todos .
Nós quatro estávamos na fila da montanha-russa e cada carrinho cabia quatro , dois no banco da frente e dois no banco de trás.
Dudu se sentou do lado de Lalá na frente , eu tive que me sentar com Gui atrás . Nunca odiei tanto uma montanha-russa na minha vida.
Eu estava com ciúmes , mas não sabia . Quando o carrinho estacionou na chegada e liberou os cintos que nos prendiam , eu corri , corri , corri , não olhei para trás. Eu tava tão brava . Me escondi no brinquedo que se chamava "Halloween" , um pequeno passeio aos medos infantis com monstros , fantasmas , zumbis , bruxas, múmias e várias outras criaturas do mau. Eu não tinha medo , era o meu brinquedo favorito.
Só que dessa vez eu não brinquei , nem prestei atenção em nada , e quando entrei ,comecei a chorar.
O passeio no brinquedo dura em torno de seis minutos, que lá dentro parecem duas horas, na saída , estavam todos me esperando, eu me recusei a descer, ainda chorando. Empurrei minha mãe e disse :
-Vão embora, todos vocês, vão embora ! -
Preocupados, todos se afastaram , eu desci do carrinho e me sentei na escada , ainda chorando , mãos e cabeça sobre os joelhos , os óculos redondos na ponta do nariz, não percebi sua presença.
- O que foi ? -
- Vá embora Dudu, eu não quero falar principalmente com você ! -
- O que eu fiz ? -
- Nada , vai embora .-
- Amanda , qual problema ? -
- Você não é mais meu amigo. -
- POR QUÊ ? -
- Agora que você conheceu a Lalá .. -
- O que que tem a Lalá ? Ela é legal ..! -
E eu explodi. Levantei a cabeça com lágrimas escorrendo por toda parte e gritei.
- Legal? Ela é má, ela puxa meu cabelo, me chama de feia , fez todas as meninas daqui não falar comigo desde o último verão que ela veio, e isso foi há dois anos trás ! Ela é mais velha, mais bonita , e sempre tem o que quer . Hoje ela quis você, e conseguiu, você só conversou com ela , sentou do lado dela no montanha-russa e não lembrou de mim . Então agora você é amigo dela, não meu. -
Eu estava bufando de raiva , me sentei na mesma posição e voltei a chorar.
- Amanda , me desculpa .. -
Silêncio.
- Amanda , por favor eu não sabia .. me desculpa , eu sou seu amigo , não dela. Eu não vou parar de falar com você , mesmo se ela pedisse .. -
Eu movimentei minha cabeça para te olhar , mas não levantei e nem parei de chorar .
- Desculpa por ter ficado mais com ela do que com você hoje, é seu aniversário, foi errado da minha parte , Nós podemos ser amigos de novo ? -
- Você promete que não vai deixar de ser meu amigo , nunca ? Nunquinha da silva ? - Eu disse.
Ele estendeu o dedo minimo e disse :
- Nunquinha da silva . -
Sentou do meu lado, do bolso tirou uma pulseirinha de cordão com algumas miçangas .
Na verdade, eram duas pulseirinhas. A dele azul, a minha verde.
Ele me deu a verde , sabendo que verde eram minha cor preferida. Na pulseira havia três miçangas em cada, as miçangas eram redondas e havia letras , A E D.
- A é de Amanda , E , é da letra e mesmo , e D é de Dudu. Antes de vir pra cá, passei numa lojinha , queria comprar um presente pra você , mas eu não tinha muito dinheiro, só as moedas que juntei durante uma semana , não conseguia escolher , e a moça da loja me perguntou o que eu queria, eu disse pra ela que hoje era aniversário da minha melhor amiga , e queria um presente. Ela fez isso pra você , eu ajudei. Ela também fez um para mim , e disse que isso se chama pulseira da amizade. Você gostou ? -
- Nunca tive uma pulseira da amizade antes Dudu ..-
- Nem eu Amanda .. Mas você gostou ? -
- Sim ..- eu ri . Você pegou meu braço e amarrou , e depois amarrou a sua , eu não sabia como amarrar as pulseiras. Essa foi a nossa primeira briga ,  e foi a primeira vez que eu senti ciúmes de você.
Depois disso nós comemos algodão-doce e fomos na roda gigante ,dessa vez você se sentou do meu lado , você não falou mais com Lalá.
Nem naquele dia , nem durante o verão que ela passou por lá. Ela foi embora uma semana mais cedo do que deveria , eu achei o máximo.

                                                                           Página três

Capítulo Um

A tarde quando fomos brincar, você realmente me ensinou como jogar tazos , biloca e brincar de super herói. Eu me sentia um tanto especial porque nenhuma menina sabia brincar como um menino,bom nenhuma menina da minha cidade sabia. No final da tarde, quando estávamos exaustos de tanto brincar , no quintal da minha casa, pois a sua estava em mudanças e arrumações, eu peguei a maquininha de fazer sorvetes que havia ganhado da minha avó no natal passado e e fiz um sorvete de morango para nós , minha mãe colocou a calda de sorvete de morango e algumas guloseimas para tudo ficar melhor , e funcionou.
- Eu nunca tinha visto máquina de criança fazer sorvete antes, sabia ? -
- Aqui os meninos nunca tomam sorvete da máquina com as meninas , e eu nunca tomo sorvete com ninguém , eu não tenho amigos, você é meu primeiro, sabia ? -
E foi ai que você me olhou pela primeira vez prestando atenção , eu senti que não devia ter falado , pois agora você não iria mais querer ser meu amigo. Sua visão era de uma garota magrela de mais, com algumas poucas sardas loiras do rosto , cabelos longos , em um tom entre o ruivo e o loiro, trançado da raiz até as pontas , shorts verde limão e uma blusinha branca lisa de mangas curtas ,nos pés um all-star preto, velho com meia de bichinhos por de baixo e, ah meus óculos de grau redondinhos .
Magricela, único cabelo ruivo da escola, corpo branco de mais , sardas , óculos redondinho .
Jeito estranho , manias esquisitas e hobbies particulares .Ninguém queria ser meu amigo , eu era a criança alienígena . Você percebeu isso , mas não disse nada em relação a isso, ao invés disse :
- Por que esses garotos não tomam o sorvete das meninas , se ele é tão bom ? Eles são malucos ! -
- Talvez o delas não seja gostoso, eu não sei..-
- Bom então tive sorte de tomar um gostoso, nunca vou rejeitar um sorvete seu Amanda.Quem te ensinou a fazer isso ?-
-Minha avó tinha uma máquina antiga e quando chegou o natal ela me deu essa que é de criança , ela leu o livrinho de receitas que veio com a máquina pra mim e disse como fazer um bom sorvete.. Ela dizia que um sorvete gostoso é o melhor remédio para quando a gente está triste. Ela está no céu agora , ela tá no céu há quatro meses , desde então eu tomo sorvete todos os dias.-
- Sinto muito por sua avó . Bom então , a partir de hoje , até quando você se sentir feliz de novo, eu também vou tomar sorvete todos os dias .-
Eu realmente me espantei com a frase .
- Por que você faria isso ? -  Você riu da minha cara , eu fiquei brava , e ai você disse :
- Por que somos amigos , é isso que amigos fazem .
 " - DUDUUU , AMANDA VENHAM PARA A COZINHA - "
Nos levantamos e batemos aposta de quem chegaria primeiro , eu ganhei.
Mamãe disse :
- Eduardo sua mãe está dizendo que está na hora de ir para casa , tá bom querido ? -
- Sim Senhora Santos -
- Me chame de Andréia , Dudu.-
- Sim Senhora Andréia ! -
- Não, Dudu , só Andréia ..-
Todos nós rimos . Você foi embora e eu fui até o portão com você , você me estendeu o dedinho e disse :
- Amigos , viu ? -
Eu agarrei seu dedinho no meu , sorrindo eu disse :
-Até amanhã, Dudu! -
E cada um entrou na sua casa . Mamãe contou a papai que eu havia brincado com alguém e os dois riram muito. Nunca ninguém tinha ido brincar comigo em casa , esse foi o melhor dia da minha vida, ao menos era o que eu pensava no dia.

                                                                     Página dois

Capítulo Um

Novembro , 1999

Eu tinha apenas nove anos quando te vi pela primeira vez , você se mudou para a casa da frente, pintura amarela pastel, cerquinha branca , sem muros.
Minha mãe fez uma mini cesta de boas vindas ,e toda minha família foi bem recebida em sua casa.
Era verão , você tinha onze anos .
A primeira coisa que você me disse foi :
"- Quer ver minha coleção de tazos ? -"
E eu fui. Soube mais tarde , escutando a conversa alheia de nossas mães, que seu pai havia sido enviado para nossa cidadezinha , apenas por um ano. Não entendi direito na época.
No outro dia ,na escola , houve outra surpresa , apesar de ser dois anos mais velho que o resto da turma, você foi mandado para a minha sala, houve algumas risadas de crianças maldosas , bom eu não ri.
Você logo veio e puxou uma cadeira perto da minha ,abaixou a cabeça e em silêncio ficou a manhã toda.
Quando estávamos na volta para casa, você ousou quebrar o silêncio, e ainda assim com uma voz quase inaudível, disse:
- Meu pai trabalha muito, você sabe. Mas por causa do trabalho dele , nós nos mudamos muito, o maior tempo que ficamos em uma cidade foi quando eu tinha cinco anos , até meus sete anos. Por isso sou um pouco atrasado na escola, sabia ? -
E fez-se o silêncio, após alguns minutos eu pude dizer :
- Então você não tem amigos ? - Ele olhou para mim com uma expressão de surpresa, e depois riu.
- Sim , os amigos que eu fiz , me escrevem cartas e cartões , e eu e minha mãe escrevemos para eles também .-
- Ontem eu ouvi sua mamãe conversando com a minha  mamãe, ela disse que vocês vão ficar por um ano ,- Agora sim eu tinha entedido
 - Então , se nós nos tornacemos amigos , e você fosse embora, você me escreveria cartas ? -
- Sim , se nos tornacemos amigos . -
Então parei , no meio da rua, dei meu dedo minimo para você e perguntei :
- Você gostaria de ser meu amigo ? - Você traçou seu dedo minimo no meu , e respondeu
- SIM .-
Então soltamos nossos dedos e fomos embora , eu cantava A Dona Aranha e você me acompanhava, quando chegamos até a frente de nossas casas você sorriu, eu sorri de volta .
- Vamos brincar de tazo hoje a tarde ? - Você disse .
- Eu não sei brincar disso ! - Tazo ,era coisa de menino , menina brincava de boneca .
 - Eu te ensino .-
Você deu as costas e foi embora .

                                                                       Página Um

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Por um começo de reticências ...

               "Dedico este pseudo-livro para todas as pessoas que acreditam no amor, mas principalmente aquelas que me ensinaram como amar , sendo certo ou errado ,                                                
                                                                simplismente amar."


Dedico as palavras escritas aqui as minhas mães , Landi , Eunice ,Florinda, Jeane e Denise..
                                           Aos meus pais , Sandro e Maury ..
                                                        Aos meus irmãos , Camylla , Hugo e Benício ,
                            a todos os meus Tios e Tias , Primos e Primas .
    Aos meus queridos amigos , a minha melhor amiga e irmã postiça Jéssica Dias
                                                        e  ao meu querido amor José Carlos .

                 Por um começo de reticências ,eu ofereço a vocês doses de esperança .
                                                          Saúde . E beberemos a isso.